Nada fazia prever o desfecho: fomos a tempo e horas para o aeroporto, não nevou o dia todo, as estradas até estavam mais limpas que na véspera. Mas o facto é que aconteceu - o voo foi cancelado. Vou relatar (para mais tarde recordar, porque agora que penso nisso até me rio!):
Como de costume, deixámos o carro na Bosch e fizemos o pequeno percurso até ao aeroporto de autocarro. Chegámos por volta das 20:00, mais de hora e meia antes da partida. Quando fomos deixar as malas, foi-nos informado que o voo acabava de ser cancelado, porque o avião proveniente to Porto (e que nos levaria de volta) não chegaria a tempo antes do fecho do aeroporto, às 23:00. Balde de água fria. Disseram-nos para nos dirigirmos para o balcão das informações, para tentar resolver o assunto. Assim foi. E assim começou a "festa". Logo ouvimos os primeiros rumores, de que haveria poucas alternativas - a Ryanair não disponibiliza voos extra e, sendo altura de Natal, os existentes estavam cheios.
Um funcionário, bem intencionado é certo, distribuiu uns papéis com números de telefone para os quais poderíamos ligar, para não termos de esperar na fila. Desconfiei. Normalmente as linhas de atendimento da Ryanair não funcionam à noite - será algum número especial? Não. Tinham já fechado, havia umas boas horas. E demorou a perceber o senhor!
Felizmente tínhamos chegado ao aeroporto na hora certa, nem demasiado cedo, nem demasiado tarde. Se fosse mais cedo, teríamos já despachado a mala e entrado no terminal - o que nos atrasaria na fila; se chegássemos mais tarde, "idem idem aspas aspas". Por isso fomos premiados com uma ida na Segunda-Feira - à noite. Melhor que nada diziam uns, bem bom, diziam outros. Pois. Mas felizmente decidimos não nos contentar com isso e, com a ajuda do meu pai, encontramos várias alternativas, com escala, e de modo que poderíamos chegar no dia seguinte. A "burra" (perdoem-me a expressão, mas não pode ser de outra forma) da funcionária (diz que) procurou via Milão, via Londres, etc. e nada. E nós, leigos, encontramos num ápice várias alternativas. Pois fui reclamar. A primeira reacção foi de que só havia um lugar via Girona. Eu respondi que tinha acabado de ver na Internet, ao que, sem mais argumentos para refutar, me ofereceram a dita alternativa. Mas não se pense que foi assim tão rápido como descrevo, nisto passaram-se umas horas!
Na fila os ânimos exaltavam-se, alguns pediam explicações de forma mais contundente, outros faziam planos alternativos - ouvi falar em carro, autocarro, comboio e até de barco, vejam só!
As funcionárias transpiravam; não estão habituadas, logo se vê, a um povo que reclama, que faz valer os seus direitos, que se "desenrasca"... Aos Holandeses bastaria dizer "não há voo", que eles pediriam o seu dinheiro de volta (o mais importante) e iriam para casa. Mas nós não - não saímos de lá enquanto não tivermos alternativas - e ironia do destino, nessa noite o aeroporto só fechou às tantas da madrugada.
Vamos amanhã, via Girona. O voo é de manhã e chegamos ao Porto a meio da tarde. No fim de contas, não chega a um dia perdido, o que não é nada mau, dadas as circunstâncias... Podemos mesmo considerar-nos privilegiados, já que além de nós, só mais duas pessoas chegarão tão cedo...
Mas desenganem-se se pensam que isto ficou por aqui... A dois amigos que conseguiram ir também por Girona (embora só no Domingo), não lhes marcaram o voo Girona-Porto. Como só se deram conta no momento do check-in (em casa), tiveram de ir a correr, esperando que o aeroporto ainda estivesse aberto. Felizmente (para eles) estava. E a funcionária (está visto que não me enganei no apelido) respondeu-lhe que pensava que só queriam ir para Girona. Enfim.