Não podem acusar o Holandês de falta de patriotismo. Basta vê-los no dia da Rainha. Nos grandes eventos desportivos todos os reconhecemos, de laranja pois claro, cor da família real. Falar mal, só do tempo (como não?) e da comida (alguns...). E reforço o "só". De resto, em tudo "são bons". Em tudo "são os melhores". Pretensiosismo? Sem dúvida! Mas também uma boa dose de orgulho nunca fez mal a ninguém.
O que aqui sobeja, em Portugal falta... E não se trata só de excesso de humildade (que aos Holandeses um pouco ficaria bem). Trata-se mesmo de falta de orgulho. É raro, muito raro, ouvir-se um Português falar das coisas boas que temos (e que não são poucas, mas não vêm ao acaso desta reflexão). Mesmo quando fala com um estrangeiro. O normal é dizer mal. O normal é dizer que não temos nada. Que somos uns pobres coitados, que eles é que são bons. Excepto quando ganhamos (no futebol). Aí somos os melhores. Mas dura pouco.
E as celebrações nacionais, que dizer delas? «É bom, porque é feriado...». O 24 de Junho, dia 1 de Portugal, nem sequer é celebrado. O dia da liberdade cada vez interessa menos (e assim varre-se a memória). O 10 de Junho, idem.
No entanto, não raros são os casos de Portugueses que vão para o estrangeiro e que contrastam com esta "moda". Vendo o que se passa lá (cá) fora, começam a dar valor ao que temos cá (lá) dentro. Seria caso de atribuir aos Portugueses um subsídio para seis meses de estadia no estrangeiro.
Mas nem tudo é cor-de-rosa, não sejamos inocentes! Mas há-que dar valor ao que temos de bom. Porque isso faz toda a diferença - para nós, que ganhamos confiança no futuro, e para o mundo, que passa a acreditar em Portugal, a conhecer e finalmente a investir. Não valerá a pena pensar nisto?
Gostava de ver uma iniciativa séria que apostasse nesta ideia. Que não fosse só incentivando o consumo de produtos Portugueses, mas que passasse por algo bem mais abrangente, reforçando os feitos Portugueses (presentes e não só do desporto!) criando uma imagem próspera e de esperança de Portugal. Mas para isso terá de começar por haver uma radical mudança de mentalidades a todos os níveis, começando pela classe política (basta de «Portugal não tem futuro») e pela comunicação social (basta de «Portugal não tem futuro»), que são a base da opinião pública. Vamos a isso?