Tive o privilégio de ler a primeira edição deste livro ainda na sua versão original, em Inglês, e fiquei completamente siderado. Este livro, com cerca de trezentas páginas, fez mais pela minha compreensão da história do meu País do que todos os livros das disciplinas de História que li no liceu e depois na universidade ou das muitas leituras que ao longo dos anos fui fazendo dos tomos de História de Portugal dos mais eméritos historiadores portugueses.
A razão está porventura exactamente nesse facto. É que este livro é escrito por alguém que não é nem historiador nem português. Dito de outra forma, é escrito por alguém que tem um olhar diferente, menos focado na historiografia oficial, seguramente controverso, mas absolutamente fascinante.
Na verdade, não se pode dizer que este seja um livro de história no seu sentido clássico. É um livro escrito por um antropólogo e jornalista inglês – Martin Page – que viveu em Portugal e se apaixonou pelo nosso País.
Por isso, apesar de tratar de factos da história portuguesa foi escrito como se fosse um romance e essa é, sem dúvida, uma particularidade que faz toda a diferença.
É, por tudo isto, um livro contagiante, que se lê num fôlego, com descrições tão impressivas que emergem como imagens a desfilar perante os nossos olhos, qual filme épico (curiosamente, Martin Page quando escreveu este livro já estava cego).
Efectivamente, muitos estrangeiros escreveram sobre Portugal ao longo dos anos, particularmente livros de viagens, depois de estadas mais ou menos curtas no nosso País, desde William Beckford, a Lord Byron até à Princesa Rattazzi, só para citar os mais conhecidos. E a verdade é que nem sempre os seus relatos foram os mais edificantes para nós portugueses. Não é o caso deste livro. Nele os portugueses não são ridicularizados nem o País é apoucado, muito pelo contrário.
Neste livro os portugueses são retratados como um povo universalista "que mudou o mundo" e Portugal como "A Primeira Aldeia Global" – precisamente o título do livro.
Fonte: Tinta Fresca (Daniel Adrião)
Sinopse
Quando Jonas foi engolido pelo «grande peixe», tentava apenas escapar para o território que é agora Portugal.
Foi aqui que Aníbal encontrou os guerreiros, as armas e o ouro que tornaram possível a sua marcha sobre Roma; e Júlio César, a fortuna que lhe permitiu as conquistas da Gália e da Inglaterra.
Durante a Alta Idade Média, mais a norte, os governantes árabes integraram Portugal na civilização mais avançada do mundo. Após a conquista de Lisboa, pelos Normandos, o novo Portugal levou Veneza à bancarrota e tornou-se a nação mais rica da Europa.
Antes de ser eleito Papa, com o nome de João XXI, Pedro Hispano, nascido em Lisboa, escreveu um dos primeiros compêndios modernos sobre Medicina que, um século mais tarde, era livro de consulta obrigatória em quase toda a Europa.
Os Portugueses levaram as túlipas, o chocolate e os diamantes para a Holanda, introduziram na Inglaterra o hábito do chá das cinco e deram a Bombaim a chave do Império.
Ensinaram a África a proteger-se contra a malária e levaram carregamentos de escravos para a América.
Introduziram, na Índia, o ensino superior, o caril e as chamuças e, no Japão, a tempura e as armas de fogo.