terça-feira, 11 de novembro de 2008

Aeroporto do Porto

Tudo indica que o Aeroporto do Porto vai ser privatizado juntamente com os restantes aeroportos portugueses. Ao contrário do que se chegou a temer para os lados de Lisboa e a acalentar pelo Norte, não vamos ter um aeroporto competitivo no Norte, capaz de lutar com a nova estrutura aeroportuária que (insistem) dizem ser um investimento nacional. Esfuma-se a promessa e o desafio lançado pelo Governo à economia e aos empresários Nortenhos. Que teve, diga-se de passagem, uma resposta concreta.

Não será claro que a única forma de tirar partido do sub-aproveitado Aeroporto do Porto é tornar a sua gestão autónoma, livre das contingências de justificação do novo Aeroporto de Lisboa? Quem melhor saberá das necessidades e oportunidades do Norte? Está mais do que provado que não é Lisboa. Veja-se a recente perda da oportunidade de criação de uma base da Ryanair no Porto, que traria 4 milhões de passageiros ao Porto. A razão da falha nas negociações foi, imagine-se, a recusa em baixar as taxas aeroportuárias. Seria injusto para as outras companhias, diziam. Mas que outras companhias garantiam 4 milhões de passageiros? E se o fizessem, não seria também de baixar as taxas? E as receitas que adviriam só do turismo? Não interessa, aparentemente... pelo menos na "paisagem" de Portugal. Cheira-me mas é a interesses (ANA e TAP), mas quem sou eu para lançar suspeitas...

Não estou a por em causa a decisão de construção de um novo aeroporto de Lisboa. Não sou especialista nessa área e confio nos estudos. Devo dizer que fiquei satisfeito com a mudança para Alcochete, não só por ser rara uma mudança política desta envergadura (com tantos lobbies) mas também por Alcochete ficar mais longe do Porto e não haver assim sobreposições de áreas de influência. Faz sentido.

E porque não acabar com o Aeroporto do Porto? E o de Faro, porque não? Se calhar, muitos gostariam disso e até poderiam justificá-lo com as futuras linhas de alta velocidade (1h30 de Alcochete ao Porto). Mas o Aeroporto do Porto está estrategicamente colocado (melhor do que o de Lisboa, basta ler o plano director) para servir mais população - a Galiza está dentro da área de influência do Aeroporto do Porto. Por isso, e se não for só pela (aparentemente insignificante) população do Norte de Portugal, ao menos que seja por uma razão económica de potenciar o investimento para captar os euros de "nuestros hermanos", enquanto estes não tiverem aeroportos decentes por lá (sei que há planos de construção de um novo aeroporto em Santiago, por isso a oportunidade é hoje).

E assim se tomam decisões, em Lisboa, que influenciam o resto do país, sem que este seja ouvido (apesar de ter falado). Resta a indignação. Eu não me calo (venha o Rei Juan Carlos).

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